Ela tem 87 anos e acabou de se formar em Nutrição. Sim: 87!
Dona Luísa Valencic Ficara foi a sensação na solenidade de entrega do diploma numa universidade, em Jundiaí, interior de São Paulo, na semana passada. Depois de perder o marido e o filho, a senhora de cabelos branquíssimos decidiu não levar a vida como a maioria acha que uma senhora viúva com mais de 80 anos deve fazer. Entrou na universidade, escreveu o TCC todo à mão porque não sabe digitar e se graduou. Isso ensina muito a cada um de nós.
Dona Luísa Valencic Ficara foi a sensação na solenidade de entrega do diploma numa universidade, em Jundiaí, interior de São Paulo, na semana passada. Depois de perder o marido e o filho, a senhora de cabelos branquíssimos decidiu não levar a vida como a maioria acha que uma senhora viúva com mais de 80 anos deve fazer. Entrou na universidade, escreveu o TCC todo à mão porque não sabe digitar e se graduou. Isso ensina muito a cada um de nós.
Dona Luísa faz um caminho que significa mais felicidade para ela. Sem escandalizar em nada aos moralistas de plantão, rompeu com padrões sociais e mentais que ditam um tempo de vida onde não se deve fazer mais nada pela primeira vez. Quem disse, né, Dona Luísa?
Na vida em sociedade, há vários roteiros pré-definidos para a gente cumprir. O adolescente tem que ser rebelde; o jovem deve se matar para estudar e conseguir um bom emprego; o adulto precisa casar e ter filhos; o idoso tem que se aposentar e dar todos os indícios de que o filme se encaminha para o final. Nada de sobressaltos, mudança de rotas ou novas histórias.
Os papéis definidos para cada um dão a cômoda sensação de que “as coisas estão no lugar”. Mas que lugar é esse? Quem disse que o modo como você vive é o certo só por que a maioria dos enredos é assim?
Carregamos o peso de condicionamentos sociais sem confrontar nossas escolhas com o maior ou menor grau de felicidade gerado em nós. Assim, um vovô não pode se fantasiar de Homem-Aranha no carnaval; a vovó não ouse cozinhar rebolando ao som de Anitta; o jovem jamais troque a balada para declamar Camões num sarau, no sábado à noite; e o adulto não pense em morar em dez países antes de decidir se quer ter um emprego fixo, casar e ter filhos.
Mas, na verdade, há uma Dona Luísa em cada um de nós. Ela pede para respirar e escolher melhor o roteiro de nossa vida com o primado da felicidade e do significado nas escolhas. Clama por uma história que não se cansa de se reinventar quando é necessário, vencendo a preguiça, o medo e o comodismo.
Não estamos num filme com uma parte gravada e que já está sendo exibido, a ponto de não poder mudar muito e correr o risco de perder o sentido para os espectadores. Mas se a minha vida ou a sua for um filme, ele deve ser diferente de todos os outros em relação ao objetivo. Não tem que agradar ao pessoal da poltrona comendo pipoca e bebendo guaraná. O roteiro da sua vida deve encantar ao autor, a você, que pode fazer uma plateia não entender nada do meio para o final, ou só do final mesmo. Mas lhe renda o sorriso de quem percebeu um sentido mais pleno para viver.
Faça muito mais coisas pela primeira vez. Desperte a Dona Luísa que está em você.
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